segunda-feira, 7 de agosto de 2017

VIVOS versus MORTOS

Existem mais pessoas vivas
do que pessoas mortas?
De acordo com um boato, a explosão populacional fez com que o número de pessoas vivas superasse o número de pessoas mortas.



VIVOS VERSUS MORTOS:
A Terra pode parecer abarrotada com seus 6,5 bilhões 
 habitantes, mas ainda faltam mais 100 bilhões de pessoas 
para chegar perto do número daquelas que já morreram.
Ciara Curtin


A população humana tem crescido tanto que o número de pessoas vivas já ultrapassou o número de todas as que já viveram até hoje – bem, isso é o que diz o factóide herdado dos anos 70. Algumas versões do boato afirmam que 75% de todas as pessoas que já nasceram estão vivas.  No entanto, apesar de a população ter quadruplicado no século passado, o número de pessoas vivas atualmente é ainda é bem menor do que o total daquelas que já viveram.

Uma estimativa publicada em 2002 com o número atualizado de óbitos foi publicada por Carl Haub, demógrafo da Population Reference Bureau (Agência de Referência Populacional), uma organização não-governamental em Washington. Para chegar a esses números, Huab usou os dados históricos disponíveis sobre as populações em diferentes períodos, que serviram como base para determinar o número de todas pessoas já nascidas.

De certa forma, durante a maior parte da História, a população cresceu muito lentamente. De acordo com as “Determinantes e Conseqüências de Tendências Populacionais” da Organização das Nações Unidas, o primeiro Homo sapiens surgiu 50 mil anos atrás – porém, esse dado é contestável. Pouco se sabe sobre aquela época e quantos éramos então, mas o número estimado de habitantes para o período da revolução agrícola no Oriente Médio, em 9.000 a.C., é de 5 milhões.

Da revolução agrícola até a ascensão do Império Romano, a população cresceu bem devagar – menos de 0,10% ao ano –, alcançando aproximadamente 300 milhões de habitantes por volta do ano 1 d.C. Até que pragas avassaladoras exterminaram um volume absurdamente grande de pessoas – a “Peste Negra”, no século 14, matou pelo menos 75 milhões. O resultado é que, até 1650, a população mundial havia crescido para aproximadamente 500 milhões. Em meados de 1800, com os avanços da agricultura e a melhoria do saneamento básico a população dobrou, ultrapassando a marca de um bilhão de habitantes. E em 2002, quando Haub fez a última estimativa, a população do planeta tinha explodido, alcançando 6,2 bilhões de pessoas.

Para calcular quantas pessoas já viveram, Haub usou uma abordagem minimalista, começando com dois indivíduos (“Adão e Eva”) em 50.000 a.C. A partir de então, usando os índices de crescimento histórico da população e dados reais, ele estimou parcialmente o número de nascimentos em 106 bilhões de pessoas. Destas, apenas 6% estão vivas – um número que não chega nem perto dos 75%. “É seguro afirmar que apenas as pessoas vivas hoje representam apenas uma pequena fração daquelas que já nasceram na história do planeta” afirma Joel Cohen, professor de populações da Rockefeller e da Columbia University em Nova York. Para que esse mito se tornasse realidade, a Terra teria que ter mais 100 bilhões de habitantes vivos. “Que aconchegante!”, brinca Cohen, “Ainda bem que isso não parece plausível”.

Hoje existem mais de 6,5 bilhões de pessoas caminhando sobre a Terra, de acordo com estimativas das Nações Unidas. Nos últimos anos, a população tem crescido 1,2% ao ano, muito abaixo do pico nos anos 60 no qual o índice era de 2,1% anuais. Alguns países industrializados, principalmente França e Japão, apresentam uma taxa de natalidade muito baixa, que leva a população a encolher, aponta Haub. Nos países em desenvolvimento, o crescimento continua, mas algumas nações como a Índia estão experimentando uma desaceleração do índice de crescimento populacional.

Cohen duvida que a população mundial pode dobrar, chegando a 13 bilhões de habitantes – e se aproximar dos 100 bilhões parece ainda mais absurdo. Mesmo as maiores projeções das Nações Unidas não mostram um crescimento tão grande. Para o ano de 2050, a ONU projeta uma variação entre 7,3 bilhões e 10,7 bilhões de habitantes. A estimativa mais provável é de uma média de 8,9 bilhões de pessoas, tendo como base um leve e gradual aumento do índice de crescimento. Ainda de acordo com as projeções da ONU, a população mundial irá se estabilizar por volta de 2.200, em mais ou menos 10 bilhões de habitantes, o que não supera ainda o número de pessoas que já morreram na Terra.

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